BIG JAKE é um western, em moldes tradicionais, com John Wayne & família & amigos ou velhos companheiros da linhagem fordiana. Nada de bossas, truques, autogozações; o negócio é não negar fogo, para divertimento de atores, diretor, equipe e, obviamente, platéia. E cumpre seu objetivo: entretém ou, pelo menos, não chateia.
Pode ser inócuo, mas é saudável numa época de transição, onde o espectador, destituído de informações prévias, entra na sala de espetáculos e ignora sequer se as imagens estarão de cabeça para baixo. É o consolo de que não haverá mistificação... O bem e o mal permanecem devidamente etiquetados na testa de cada personagem, a fim de que as dúvidas dialéticas não venham a embotar a fruição do público. Nenhuma adivinha destinada a atormentar inteligências menos nutridas.
O argumento, aqui, consiste no rapto de um garoto (neto de Wayne), feito por um bando de malfeitores, que invadem uma rica fazenda na fronteira com o Texas e realizam uma chacina quase completa, deixando, entre os poucos sobreviventes, Maureen O'Hara (a dona) para pagar o resgate. Aí, logo entra um pretexto conservador para fazer a sátira do progresso e da mecanização da época: os rangers e um dos filhos de Jake (este, de motocicleta) tentam, de automóvel, seguir os bandidos e dão com os burros n'água, sob o olhar triunfal e desaprovador do protagonista, que irá perfazer a velha e espinhosa odisséia de perseguição, carregando o baú onde estaria o dinheiro.
Brigas, tiroteios de praxe, bem feitos. Wayne, já em idade bem provecta, nem precisa cerrar qualquer dos olhos a fim de fazer pontaria, pois eles já permanecem quase que fechados. Como nos antigos seriados, leva tiros por todos os lados do corpo - tiros esses a incomodarem-no menos do que, para nós, pobres mortais, uma picadinha, ao leve, de mosquito. Sem falar nos socos encaixados como inocentes piparotes. Afinal, o mito tem de estar vivo.
Maureen O'Hara, em papel curto, reaparece ainda bem bonita, com auxílio, é claro, da maquilagem acadêmica. Richard Boone, de novo dando aquela de viIão. Vários veteranos do restante do supporting cast (Harry Carey Jr., Bruce Cabot, etc), além de outros tipos característicos.
O diretor, George Sherman, é um superveterano, manjado também no gênero. Não conhecemos um filme seu de maior destaque - porém, na área do ban-bang, dá para o gasto. Elmer Bernstein, que já foi um músico de grande projeção noutras fitas, assinou o ponto. O fotógrafo, William Clothier, é fordiano e, evidentemente, assegurou um mínimo de qualidade visual.
Última Hora
15/05/1972