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O jardim dos Finzi-Contini

Il Jardino dei Finzi-contini assinala a reabilitação de Vittorio de Sica. Se não chega ao nível de Ladrões de Bicicletas (Ladri di Bicciclette) e Umberto D - dois filmes que, tranquilamente, permanecem situados entre os 20 ou 30 maiores da história do cinema - pode se inscrever no escalão dos outros imediatamente mais abaixo, como Sciucia e Milagre em Milão. Há muito De Sica não acertava o pé, desde, talvez, a reprise de piruetas burlescas à lá René Clair que fizera com O Juízo Universal.
Neste
Jardim dos Finzi-Contini estamos de novo no âmbito da nostalgia, em toada análoga ao recente Summer of 42, de Robert Mulligan, embora com temática e ambiência diversas. Aquele horror, tédio ou desprezo do presente, diante do qual alguns preterem o culto do espírito do passado, em lugar das atitudes marginais, drogadas ou de um dionisíaco depressivo. Tudo exala o saudosismo. Angulação, enquadramento e iluminação remetem, logo de saída, ao cinema do início da década de 1940. Aliás, a ação desenrola-se em Ferrara, entre os anos de 1938 e 1943.
Este filme ganhou o Oscar das produções estrangeiras e prova que o cineasta não estava morto, ao retornar, por paradoxo a um período morto. A base é uma adaptação livre de romance de Giorgio Bassani e, para cultivar o clima da época, de uma classe, de uma geração, de uma comunidade perseguida, contou De Sica com a admirável colaboração do fotógrafo Ennio Guarnieri e da seleção musical de Manuel De Sica . E, apesar de menos completo na busca de uma dialética do comportamento, dispensou o contorsionismo e a pirotécnica de um Bertolucci, no
Conformista, a fim de atingir resultado ainda mais positivo.
Esse caso do cinema que volta sobre si mesmo, sua própria história, através de uma tecnologia mais evoluída, refinada (onde a intencionalidade de reproduzir substitui o que se transformou em ingenuidade linear da década de 1940), demonstra-se um processamento de impasse, também evidencia uma consciência nova, até certo ponto revolucionária, da presenca do passado, de que o cinema é máquina do tempo - criativa ou documental.
A maioria dos filmes italianos do período está mofada, monótona, ultrapassada;
O Jardim dos Finzi-Contini consegue ser pungente, lírico, emocional, graças à perspectiva crítica que contaminou funcionalmente a sua estética. Tal qual em Summer of 42.
Aqui, sob a nota do horror do fascismo (ou qualquer totalitarismo). Cenas inesquecíveis aquelas onde Lino Copolicchio ronda da mansão, relembrando os outros tempos e curtindo o amor não correspondido. E a figura de Dominique Sanda, que já havia iluminado no citado O Conformista, aqui já surgindo como uma presença encatatória inesquecível.

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