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Quando explode a vingança

Duck, You Sucker constitui um filme a reafirmar todas as características já conhecidas do diretor Sérgio Leone, hoje o mais famoso e cotado dos especialistas italianos em western e aventudas. Sem alcançar o mesmo nível alto de Era Uma Vez no Oeste, lá estão, neste Quando Explode a Vingança, as características do projeto leonino: uma mistura do derramamento italiano do típico spagetti-western, com os efeitos e enquadramentos do cinema americano e, enfim, uma certa forma sincopada para a estrutura narrativa.
O pano de fundo para o entrecho de
Quando Explode a Vingança é daqueles mais plasticamente caros ao cinema, a revolução mexicana, o tempo de Zapata, Pancho Villa, dos trens apinhados de soldados, dos fuzilamentos de civis e massacres de populares, dos saques e assaltos onde pensar em cantar La Golondrina traduzia, na verdade, o distanciamento insuperável. Os dois protagonistas encarnam temperamentos heterogêneos: de um lado, o nativo ingênuo politicamente e violento, que, com o bando de filhos e seguidores, vai assaltando naquela época de caos, até virar herói revolucionário, um pouco por vingança, um pouco pela tal conscientização; de outro, o revolucionário profissional, praticamente anarquista, irlandês, cujo passado em Dublin já havia sido o da luta política, cuja decepção com as traições pessoais e ideológicas levam-no a dizer que apenas acredita na sua especialidade: explosivos. De um lado e de outro, também, nos dois personagens, Rod Steiger e James Coburn. Steiger, como de praxe, super-representando, intensificando os olhares e esganiçando a voz; James Coburn, mais contido, irônico, até onde disso é capaz.
Há também o papel do intelectual, vivido por Romolo Valli, com boa máscara – o professor, que é torturado e, em decorrência, delata seus companheiros, levando-os ao fuzilamento; mas que retorna à luta, dizendo o lógico: que vale continuar, cada um tem suas fraquezas. Pois, evidentemente, é menos imoral ser torturado delator, do que ditador torturador – estes são os que espezinham a moral.
O filme é explosivo consoante o tema, consoante a tônica de Leone: não cessam os gritos, estrondos e correrias, bem enquadrados, bem fotografados. Em paralelo, alguns toques de humor, a exploração do grotesco, tal a cena inicial do assalto no trem.
O que falta a
Duck, You Sucker – ótima diversão – para que chegue a um nível mais alto é densidade e um ritmo mais decisivo de construção. Dessa vez, o diretor não encontrou o tom definitivo.

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