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Na mira da morte

Pelo seu segundo filme, já passado aqui - The Last Picture Show (A última Sessão de Cinema) - pelo trailler do terceiro, What's Up Doc?, e, especialmente por este Na Mira da Morte (Targets), já ficou evidenciado ser Peter Bogdanovich a maior revelação do moderno cinema americano, com uma explosão digna daquela de Kubrick, na década de 1950.
Um diretor profundamente fincado nas raízes culturais do seu cinema (que é o cinema por excelência), sem godardices ou outras barretadas europeizantes. E sempre pensando e repensando o filme, sua história, sua razão de ser; e sempre as recorrências ao passado, não somente como um eflúvio de nostalgia, mas para uma dialética do presente.
E justamente essa técnica de metalinguagem (uma linguagem, cujos símbolos se referem às propriedades dos símbolos de outra linguagem) que faculta a Targets uma estrutura muito aberta, ou seja, com mais de uma camada de significados. Duas histórias paralelas: uma delas, uma divagação crítica sobre o horror; outra, o horror em si, sem fantasia, a seco.
Na primeira .delas. conforme declarou numa entrevista a Gordon Gow (Films and Filming, de junho do corrente ano), ou seja, aquela protagonizada por Boris Karloff. as cores são quentes - dourado, marrom, amarelo; na segunda são fria - azul. verde, branco. Quando as histórias se encontram no drive-in, o quente e o frio se fundem: azul e amarelo.
Há, nisto, toda uma simbologia como corroboração à cena mais estrategicamente discursiva, aquela onde ao mostrar a manchete de um jornal sobre uma série de assassinatos violentos. Boris Karloff (em ótimo desempenho) evidencia ter-se tornado ridículo fazer fitas de horror gótico, aquelas com castelos, túmulos, teias de aranha. Pois o horror, como presentifica a outra história, dispensando o expressionismo, está à nossa frente, como exacerbação do comportamento social, até como pressão do delírio consumista. Os anúncios, as lojas de armas. Por que, então, em vez dos animais, não transformar os próprios seres humanos em alvo (target)? Por que não ceder àquela comichão que o gatilho provoca no dedo, um approach funcional numa das melhores cenas, quando o filho faz pontaria sobre a cabeça do pai?
A seqüência final, no drive-in, é magistral em concepção e significação. Na tela do filme de horror há um furo de onde emerge o cano do rifle que irá das conseqüências ao verdadeiro horror. O fascínio de matar gratuitamente, por esporte, já que a vida perdeu todo o sentido. Na tela, o jogo da arte; diante dela, o jogo da vida em uma de suas contratações mais brutais.
Targets, além de todo o seu fascínio como elaboração (o filme dentro do filme, etc), é um dos mais profundos ensaios contra a violência, feito por um cinema que, melhor sempre do que qualquer outro, soube usar a violência como espetáculo.

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