O cineasta polonês, Jerzy Skolimowski, foi dos mais badalados pela crítica internacional, especialmente a francesa, a partir de uns tempos. Esse Ato Final (Deep End), por si só, não justificaria tanta agitação, mas, ao mesmo tempo; não prova nada em contrário. É uma coprodução Estados Unidos – Alemanha Ocidental, filmada em cores, oferecendo resultado bastante razoável. Não dá, porém, para entusiasmar.
Uma espécie de drama decadentista, onde a alegoria romântica socorre-se do insólito. Tentativa de iniciação sexual de um adolescente, o seu fracasso e a crueldade dos pequenos eventos do cotidiano.
O protagonista (com uma boa figura para o papel) arranja um emprego de zelador e assistente do vestiário masculino dos banhos públicos. Do lado feminine está a mulher que se transformará no objeto de paixão crescente (Jane Asher em ótima aparição). E a galeria de personagens que circulam pelos banheiros, piscina e corredores.
Mas, exceptuando os personagens principais, a maioria dos restantes está demasiadamente esteriotipada, a sequência de situações muito forçada. Exemplo: o hábito de várias freguesas desejarem requerer o rapaz para outros serviços, além do provimento de toalha, champú ou sabonete. Uma delas, logo de saída, é à antiga platinum vamp do segundo time, Diana Dors, que, com o tempo, deu uma guinada de Wilsa Carla. Se o fundo do espetáculo fosse a comédia, a repetição dos casos seria funcional; mas como se trata de imprimir, a alegoria romântica, a partir da base real, o artificialismo se apresenta.
Mas, em paralelo, quebrada a unidade no sentido de criar-se algo mais decisivo, é esse mesmo artificialismo quem garante o bom nível do filme em si, como divertissement. O Ato Final, apesar do desfecho trágico, jamais instigará o pensamento; porém espelha um passatempo bem refinado.
A fotografia e o uso da cor são extremamente agradáveis e asseguram os efeitos das sequências mais ambiciosas. Entre elas, estão a fuga e pequena odisséia do adolescente com o cartaz-boneco de papelão, representando o corpo da amada: a da corrida e procura de pedra do anel, sob a neve; aquela cômica, o quiproquó dentro do cinema; enfim, a mais insólita e ambiciosa no final, com os personagens, a princípio na piscina vazia, que, depois, começará a encher.
De Skolimowski, evidentemente, pode-se esperar outras obras mais radicais em matéria de criatividade e menos comprometidas como esta. De qualquer modo a amostra vale a pena.
Última Hora
22/11/1972