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Independência ou morte

O cinema Roxy de novo cheio. Tanto, como o gesto final de Carlos Imperial. na Viúva Virgem, agora, a sacada de espada de D. Pedro, neste Independência ou Morte, está lotando a sala. Principalmente aos sábados e domingos, onde pululam crianças, graças aos bons e revolucionários ofício de Dona Censura, que houve por bem considerar que o adultério de D. Pedro e a divina Marquesa dos Santos é menos impuro em relação aos milhões de outros a espoucar por aí a cada esquina.
Bem, o cinema brasileiro procura o espetáculo e é natural - mais natural do que uma política recentemente finada de se assistir ao underground (em geral mal feito, apesar de capa de muitas "genialidades") financiado pelo próprio Estado. Melhor também do que acalentar a dublagem obrigatória, já sob o protesto natural de intelectuais e associação de surdos e que desviará o número maciço de clientes do Mobral para as fitas estrangeiras.
Quanto ao espetáculo em si, ao "enredo", confessamos a preferênia por Salgueiro ou Império, Mangueira ou Portela - hão mais dinamismo e até mesmo, mais pesquisa quanto ao detalhe. Não se pode negar, no entanto, que seja divertido; para as crianças, o ludismo inocente - para os adultos, outras contradições mais sutis como alguns arremates verbais, que 150 anos depois,
poderiam ser tachados de "subversivos".
O diretor, Carlos Coimbra, é, evidentemente experimentado. Parece que procurava pôr as coisas no lugar. Mas teve a luta inglória contra o relógio, o prazo fatal da estréia a sete de setembro com os drinques, discursos. comemorações, condecorações. Resultado: apesar do saudável sabor hollywoodiano, do luxo e dinheiro gasto (será reposto, o público que o diga), caiu na falta de unidade. A História do Brasil transformouse em colcha de retalhos demasiado sintética.
Na primeira parte do filme, o centro da ação é um; na segunda passa a ser outro. De inicio, tudo em terno de questões politico-históricas; depois, tudo em torno de questões de alcova. Conclusão moralista: se não acontecesse a Marquesa dos Santos, perdão, Glória Menezes porque Glória Menezes é sempre Glória Menezes, D. Pedro possivelmente, não teria abdicado; e se ele não tivesse abdicado, talvez não houvesse D. Pedro II; e se não houvesse D. Pedro II, talvez não houvesse Deodoro, Floriano e muitos outros mais.
Esperamos que, daqui a 50 anos. venha-se a dar um prazo mais flexível a produtores e diretores. Enquanto isso contentamo-nos com o Independência ou Morte aí das telas, onde Tarcísio Meira esbanja-se com a facilidade do físico adequado ao papel, Dionísio de Azevedo faz muitos trejeitos de reprovação moral ou júbilo patriótico e Kate Hansen faz questão de mostrar que a Imperatriz Leopoldina era mais bonita do que a própria marquesa.

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