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O Cobra

Enquanto a praga da dublagem generalizada ainda é apenas uma ameaça, a circular pelas comissões da Câmara, exibidores e distribuidores têm, nos últimos tempos, procurado esmerar-se na apresentação sucessiva de avant-premieres estrangeiras da dita praga. Aliás, trata-se de um contra-senso que deveria ocorrer apenas em casos especiais. Por que o descaso de importar filmes sem a faixa sonora no idioma original? Quem ganha com isso? Negócios ou desídia?
Não podemos dizer que O Cobra (Le Saut de L'Ange) seja uma vítima desse mecanismo (fita francesa falada em inglês) porque não é nada, ninguem tem nada a perder com o transplante idiomático. Mas serve como um exemplo da insanidade (e olha que a dublagem feita lá fora é, em geral, melhor do que a daqui). Pior ainda é que, na sessão do Rian, assiste-se ao trailer de um filme japonês também dublado para o inglês. Aí já é o paroxismo - só falta agora a permuta de gentilezas: chegar uma produção de Hollywood em versão japonesa.
A melhor coisa da sessão é mesmo ver o trailer da Roma de Fellini (a fita em si vai aparecer em que língua?), com aquela sucessão de flashes da pintura típica do diretor - um barroco do grotesco. Em segundo lugar, um registro regular de cenas do Botafogo x América. Quanto à publicidade oficial de praxe, dessa vez a batida é olhar aviões enquanto não chega a tal frase otimista, emitida com a proverbial entonação de anúncio de pasta de dente.
Íamo-nos esquecendo do Cobra. Aliás, no sentido metafórico, inexiste qualquer coisa de cobra neste abacaxi - tudo é cabeça de bagre do diretor (Yves Boisset) até a manicura. Aparece, sim, uma cobra de fato, que se encarregará, elipticamente, de liquidar o único personagem que prometia ser útil - aquele matador com cara de Jack Palance o qual, dado a rapidez com que estava eliminando os outros personagens, ensejaria a oportunidade do filme acabar muito antes.
Em Marselha, em torno de uma eleição de prefeito, dois grupos se digladiam por causa de política e corrupção. Quase tudo é mal feito, com exceção da queda espetacular no drive-in e da incursão dos dois vietnamitas (à la vietcong) no hospital. Realização que é fruto de roteiro displicente e direção desinteressada.
Gastaram acima do necessário com um elenco que acabou ficando dos mais inexpressíveis. Jean Yanne faz cara de zangado a fita inteira. Senta Berger aparece pouco, sequer despida. Raimond Pellegrin em tal ostracismo que vira bucha pra canhão. E o coitado do Sterling Hayden, admirável ator, aqui completamente desorientado, balbuciando, balbuciando.

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