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Trinity ainda é meu nome

Trinity ainda é meu nome - Segundo filme da série de autoparódias do western italiano, com a figura dos dois irmãos marginais e invencíveis - é tão esfuziante quanto o primeiro (Meu Nome é Trinity) e supera-o em matéria de invenção. Parece, em muitas cenas, que estamos a reviver a época de Mack Sennett, deslizando nas linhas do macarronismo.
Os dois protagonistas - Trinity (ou Trinità) e Bambino - são interpretados mais uma vez por Terence Hill (Mário Girotti) e Bud Spencer enquanto que Harry Carey Jr. comparece no papel do pai. Ao mesmo tempo, o diretor e autor do roteiro original é novamente E.B. Clucher (pseudônimo de Enzo Barboni), um cineasta que mesmo sem maiores pretensões tem o que fazer e mostrar.
Uma patuscada em tom grotesco, burlesco, vazada em ritmo ágil. São várias as sequências merecedoras de registro. Logo na
ouverture, antes dos créditos, uma espécie de cortina introdutória, pequena comédia do absurdo. Os quatro ladrões no deserto recebem a visita de Bambino, de físico inexpugnável a qualquer golpe, que os engana, rouba-lhes os cavalos e come o feijão todo. Mal refeitos do desengano, a apariação ingênua de Trinitè, que também os ilude e come o segundo e último prato de feijão.
O comer, alias, é o
leitmotiv para duas cenas de grossura e hilariedade. Numa delas, os dois irmãos vão jantar no casebre dos pais (a mãe, embora velhusca, ainda trajada como na época em que era saloon-girl, os seios querendo pular do corpete) e são obrigados a rezar e arrematar o tradicional amém, para depois atirarem-se com fúria selvagem sobre a imensa ave assada. Na outra Trinity e Bambino vão a um restaurante, raffiné, despertam o pânico dos fregueses, operam uma sinfonia de ruídos de mastigação, sacam do revólver quando espoca uma rolha de champanha, apavoram o maitre efeminado e também o garçom na hora em que este, vagarosamente, na melhor verve de um Lubitsch, tira a rolha da garrafa de vinho, enfim, no instante do flambé, Bambino, de pronto, derrama água em cima de tudo.
A melhor gag está na passagem em que Tinity depois de ganhar uma parada no pôquer do
gunstinger dandy, cujo nome sintomaticamente é Wildcard (carta selvagem), vai duelar-se com este e aplica-lhe uma sequência de tapa-e-soco. É a surpresa do movimento que caracterizou a grande comédia do cinema mudo numa admirável inventiva de gastos, golpes e esquivas e cujo paroxismo é a cena do desfecho da briga interminá-vel dentro do convento e durante a qual também o pacote de 50.000 dólares é disputado pelas dezenas de participantes em estilo parecido com o jogo de rugby, tal como já concebera Chaplin com o frango, no final de Tempos Modernos.
Enfim as salas cheias demonstram que além do razoável interesse criativo, Trinity é atração ao dispor de crianças e adultos.

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