I - Disque Butterfly 8 (Butterfly 8) representa Elizabeth Taylor ainda no auge do estrelato, quando então pouquíssimas atrizes tinham condições de competir com ela, em matéria de bilheteria. O filme também é o luxo, a alta administração, as cores caprichadas, o ex-marido, Eddie Fisher, Laurence Harvey, o diretor Daniel Mann (na época com um certo gás), tudo em torno de Liz, no papel de uma call-girl - última, mais refinada e discreta etapa da profissão imortal. Vale uma estrela.
II - 007 Contra Goldfinger (Goldfinger) é o terceiro filme da série James Bond. Como sempre refletindo a catarse da tecnologia. Dessa vez, o tradicional inimigo do agente criado por Ian Fleming é personalizado pelo bom ator alemão Gert Froebe (revelado pelo cinema de lá, especialmente, como o detetive que sempre perseguia o Dr. Mabuse). Honor Blackman aparece como aquela mulher especializada em lutas. Durante certa época "bem" "curtir" a pichação da série de James Bond como culto da violência, fascismo e outros rótulos. Precipitação: 007 não traumatiza ninguém e alegra as crianças. Vale duas estrelas.
III - Blow Up - Depois Daquele Beijo (Blow Up) constitui uma das obras mais importantes de Michelangelo Antonioni. Rodada em Londres, levou praticamente Vanessa Reagrave e David Hemmings ao estrelato. Antonioni, depois do grande ciclo da neurose e fossa em "tempos mortos" - L'Avventura, La Motte, L'Elise, Deserto Rosso - saiu pra outra, porque já sentia esgotado o filão. Blow Up traduziu uma guinada sensacional, embora, de certo modo, incidisse no mesmo tema das fitas anteriores. E caiu, espetacularmente, na linha de Fellini, no desfecho, com aquele jogo de tênis sem bola. Também, através das relações entre realidade e fotografia, inseriu a meditação entre vida e arte. Quanto à bolação do pipocar seco da máquina fotográfica, veio a se tornar modismo na mão de muitos outros diretores apressados em repetir primeiro, nunca em inventar. Vale três estrelas.
IV - Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade, é uma das fitas brasileiras de maior êxito, tanto para o público, tanto para cinéfilos. Daí a sucessão de reprises. Quem ainida não viu terá outra oportunidade, poderá assistir à rnistura bem sacada de antropofagia, chanchada, Chlco Alves ("Longe, na imensa cordilheira / O sol vai-se escondendo..." etc., etc.). Grande Otelo tudo na base de um dos clássicos do modernismo - o homônimo de Mário de Andrade. Vale duas estrelas.
Última Hora
23/10/1972