Semana sem grande quantidade de estréias, mas, mesmo assim, com algumas atrações. Semana também dominada pelo diretor Roman Polanski, com dois de seus mais importantes filmes, ou seja, O Bebê de Rosemary, um dos pontos altos da mostra do II FIF, e que contribuiu para o prêmio de melhor interpretação concedido, pelo júri, a Mia Farrow, e Repulsa ao Sexo (Repulsiou), realização já bem anterior, bem elogiada pela crítica estrangeira e protagonizada por Catherine Déneuve, em outra grande oportunidade para o estrelato. Ao lado disso, prevê-se a qualquer momento da semana a entrada em cartaz, no Roxi, de Longe Dêste Insensato Mundo, fita que traz algumas fumaças e que apresenta uma dupla de abarrotar bilheterias: Julie Christie e Terence Stamp. Anuncia-se, em paralelo, o lançamento (ou relfinçamento?) de Instinto, realização de um dos maiores diretores japonêses da atualidade, Kaneto Shindo, cuja filmografia inclui êxitos da crítica, como Kuroneko (recentemente exibido no II FIF) e Onibaba, A Mulher Diabo, realização magistral até agora proibida por causa da intolerância censorial de alguns onibobos. Na área do filme de ação, uma esperança: Perigo: Diabolik!, com a fabulosa Marisa Mell e John Phillip Law (que aqui também estêve há pouco no II FIF) - o diretor, Mário Bava, tem alguns bons resultados na cinematografia de horror. Jean-Louis Trintignant (outra celebridade presente no II FIF) forma triângulo com Gina Lolobrigida e Ewa Aulin, a mesma loura de Elimination, em A Morte Fêz um ôvo. Enfim, em substituição aos westerns italianos, aparece um ítalo-ianque, Caçada ao Pistoleiro, e chega-nos mais um baile à fantasia mitológico, Ulysses Contra Hércules. Quanto aos Sete Samurais, continuarão em cartaz, agora na Zona Norte.

O BEBÊ DE ROSEMARY
(Rosemary's Baby)

Roman Polanski é um dos cineastas do momento, falando em têrmos de público. Êste filme, produzido pelo veterano diretor William Castle, constitui uma adaptação do próprio Polanski de um original de Ira Lewin. Um dos melhores representantes dos filmes de suspense e esoterismo, oferece excelentes interpretações, a começar por Mia Farrow (ex-mulher de Frank Sinatra), passando por John Cassavetes (também diretor de cinema) e atingindo ao máximo de caracterização com o casal Castevet, vivido por Ruth Gordon e Sidney Blackmer. Há uma cena antológica de feitiçaria e, em suma, além do tremendo sucesso de bilheteria, é candidato a ser uma das obras de destaque êste ano. Amanhã, no ópera e Tijuca-Palace.

REPULSA AO SEXO
(Repulsion)

Mais um hit de . Polanski, que obteve, com esta fita, o Urso de Prata e o Prêmio Internacional da Crítica no Festival de Berlim. O diretor é também autor, em parceria com Gérard Brach, do roteiro original, que apresenta Cathérine Deneuve como uma manicura tomada de alucinações, com fixações sádicas. Ao lado dela, estão os atôres Ian Hendry, John Fraser e a atriz (às vêzes excelente) Yvonne Furneaux. Repulsion é também candidato sério a destaque no fim do ano e estará, a partir de amanhã, no ArtPaládo Copacabana.

LONGE DÊSTE INSENSATO MUNDO
(Far From the Madding Crowd)

O diretor John Schlesinger já dirigiu Julie Christie, em Darling. Agora, ao lado dela vem Terence (Teorema) Stamp, um dos astros da moda, e, quando bem dirigido (como aconteceu, sob a batuta de Fellini e Pasolini), um excelente intérprete. O roteiro é baseado em novela de Thomas Hardy e gira em tôrno das paixões de uma mulher. Esta semana, no Róxi, em 70 milímetros, se Oliver! deixar.

INSTINTO

Não recebemos ficha técnica nem título original. Êste filme japonês do já consagrado diretor Kaneto Slúndo, se não nos falha a memória, foi lançado no Cineac Trianon. A partir de amanhã, no Alaska.

PERIGO: DIABOLIK
(Danger: Diabolik)

John Philip Law larga as asas de anjo de Barbarella e enverga as roupagens de Diabolik, o herói de histórias em quadrinhos. A presença de Marisa Mell ainda melhora a coisa. Lá estão também coadjuvantes de cartaz, como Michel Piccoli, Adolfo Celi e Terry Thomas. O diretor Mario Bava infunde esperança, devido a um retrospecto bem razoável (Nas Garras do Demônio). Tem muito para se tornar um sucesso bem razoável se fôr uma produção cuidada.

A MORTE FÊZ UM ÔVO
(La Morte ha Fatto L'Ouve)

Granja cheia de ovos e biólogos produzindo o superfrango. Tropeçando nos galináceos, a tensão passional que liga Lolô a Trintignante e a um motel de meretrizes. A omeleta é duvidosa, assim como duvidosa é a imaginação do diretor Giulio Questi. A partir de amanhã, no Scala.

ULYSSES CONTRA HÉRCULES

Júpiter manda Hércules capturar Ulysses· e entregá-lo como escravo a Polifemo. Aí começa a correria. Tudo isso muito bonito para ler e reler. No cinema exige cuidado e serenidade. As crianças podem divertir-se. Amanhã, nos Art-Palácios Meyer e Madureira.

CAÇADA AO PISTOLEIRO
(Dead or Alive)

Western italo-ianque dirigido por Franco Giraldi, com Alex Cord, no protagonista, e dois grandes atôres coadjuvando: Arthur Kennedy e Robert Ryan. O roteiro é de um italiano e de um americano. Pode ser que os ianques salvem a situação. Amanhã, no Império.

Correio da Manhã
06/04/1969